Os profissionais que investem em intercâmbio, muitas vezes, optam por cursos de proficiência de inglês. As certificações servem como garantia de domínio do idioma em universidades e, muitas vezes, em oportunidades de emprego.
Entre os cursos mais populares está o Cambridge. Com validade vitalícia, o teste avalia os estudantes em quatro seções:
*Leitura e Uso do inglês
*Escrita
*Entendimento/Escuta
*Conversação
As aulas, normalmente, são oferecidas em pacotes de 12 semanas – podendo variar de acordo com a data do exame oficial.
Segundo Mark Whitehead, professor de Cambridge na escola Discover English, “o curso inicia-se com uma seção de orientação onde cada aluno tem seu o nível avaliado com uma prova”. A partir desse momento, acontecem recomendações e conversas individuais. “Nós oferecemos FCE e CAE“, conta. “Se conseguirmos alunos suficientes para aulas CPE, nós as oferecemos também”, completa.
Alunos do FCE estão, provavelmente, entre os níveis intermediate e upper-intermediate. De acordo com Mark, “ao fim do curso, o estudante estará no advanced, pois o programa de testes é progressivo”. A Discover utiliza material oficial em todas as classes. Para o professor, que leciona o curso há 20 anos, “o fator que determina se um aluno passará, ou não, é a quantidade de trabalho que ele executa durante as 12 semanas”. Segundo a brasileira Beatriz Teixeira, 24, a afirmação se confirma e a escola fez um grande diferencial em seu inglês. “O Cambridge me ajudou a melhorar bastante”, conta. “Tinha dificuldade em me expressar e, hoje, com certeza me comunico melhor”, completa.
Os alunos precisam de notas acima de 60% para alcançarem resultado satisfatório, a escola, porém, foca em porcentagens maiores. “Nós trabalhamos para que os estudantes atinjam, no mínimo, 70% em todas as divisões”, explica Mark. As aulas cobrem, diariamente, cada seção. São pelo menos duas redações por semana equivalentes às do exame real.
Ao final da quinta semana, quando o curso chega na metade, acontece uma rodada completa de simulados – fase, essa, onde os professores avaliam e estimam a probabilidade de aprovação de cada aluno. “Caso não alcance 60% em cada modalidade, o estudante ainda tem 6 semanas para treinar ou mudar sua prática de trabalho, se esforçando em áreas em que é particularmente defasado”, conta. Ao contrário do IELTS, a prova do Cambridge possibilita a aprovação do aluno mesmo que esse tenha um resultado insatisfatório em uma das seções. “Eu gosto de dizer às pessoas que, caso você não alcance 60% em todas as divisões, deve ser muito forte em outras e compensar a diferença”, afirma Mark.
As últimas 2 semanas de curso são intensivas. Todo dia é dia de exame. “Nós, literalmente, fazemos as 4 horas de prova sob as mesmas condições do Cambridge para que, no fim, os alunos façam o teste de forma automática, sem muito estresse”, comenta. “Eu acredito que, se a mesma técnica e o mesmo ambiente são repetidos diversas vezes, no momento em que tudo realmente importa, a sensação não é nova, não é assustadora e os alunos tendem a ter um melhor desempenho”, explica.
Recentemente, o Cambridge começou a ser aceito como teste de proficiência para a imigração, o que deixou a prova mais parecida com o IELTS. “Para mim, a grande diferença entre ambos é que, no Cambridge, dificilmente o estudante elevará sua pontuação sozinho, pois as aulas são baseadas em feedback constante”, explica Mark. “É por isso que nossas classes são pequenas, é mais fácil de avaliar grupos menores”, completa.
De acordo com o professor, uma dificuldade comum entre diferentes culturas é o teste escrito. “Escrever é a habilidade em que o progresso é o mais lento”, afirma. Para auxiliar os estudantes, a Discover destaca os erros em cada redação, mas não os corrige. “Quando você conserta os seus próprios erros, aprende duas vezes”, ri Mark. Beatriz aproveitou a oportunidade e, terminado o FCE, sente-se confortável com seus textos. “Me sinto confiante ao escrever, pois pratiquei e melhorei muito as minhas dissertações, relatórios e cartas”, comenta.
Alguns estudantes, porém, “empacam” justamente pela maneira em que desenvolveram seus métodos de aprendizado em seus países de origem. “Parte do nosso papel é quebrar os grilhões dessas pessoas e ensiná-los a estudar de maneira eficiente”, explica Mark.
A parte de conversação, por outro lado, é intimamente ligada com a personalidade de cada participante. “Nós focamos mais em culturas que não se expõem com frequência, onde os alunos são mais tímidos”, explica o professor. “No caso de brasileiros e outros sul-americanos, nós damos ênfase em vocabulário e gramática, que requerem bastante trabalho”, completa. “Eu, por exemplo, que falava de modo informal, hoje, uso o idioma de forma mais sofisticada”, conta Beatriz. Formada em letras, a paulistana dava aula para crianças no Brasil e estuda na Austrália para alcançar seu sonho. “Sempre quis trabalhar em escola bilingue e, para exercer bem a profissão, sonho em conquistar a certificação CPE (a mais alta do Cambridge)”, afirma.
Entre as dicas do professor para quem fará a prova estão: não escreva nada em seu idioma durante as 12 semanas e fale apenas em inglês. “Quando possível, nós formamos pares de culturas diferentes durante o curso”, conta. “Como temos uma relação estreita com Cambridge, podemos sugerir o par de nossos estudantes para a prova, mas não é garantido que seremos atendidos”, afirma. “Então, assim que descobrimos com quem o estudante fará a prova, nós damos um jeito de deixá-los em contato até o fim do curso”, completa.
Às vezes, alunos de escolas diferentes são pareados. “Nós entramos em contato com o outro colégio e trabalhamos para que eles pratiquem juntos”, comenta Mark. “Nossa ideia é que, ao fim do curso, não importe com quem você fala, você fará um bom trabalho – pois, caso um estudante falte ao exame, a ordem mudará automaticamente”, completa.